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segunda-feira, 27 de junho de 2011

Review: Outland - Em busca do equilíbrio perfeito



É interessante observar como jogos de diferentes gêneros conseguem influenciar uns aos outros. Imagine então um jogo de ação e plataforma usar elementos de um jogo de tiro no estilo bullet hell! Parece impossível? 


Pois saiba que a produtora Housemarque aceitou o desafio, e fez algo exatamente nestes moldes. Publicado pela Ubisoft, Outland chega no Xbox 360 e PlayStation 3 de maneira inovadora, e ainda assim, ''baseando-se'' em algo já existente. 

Apesar de manter foco na ação 2D de um personagem em ambientes divididos por plataformas, o título carrega consigo o mesmo conceito de polaridade presente em Ikaruga, game de tiro desenvolvido pela Treasure tratado até hoje como uma referência em desafio e jogabilidade viciante. E acredite, tudo funciona de uma forma mais natural do que se imagina.







Na verdade, Outland é um emaranhado de ideias diversas que, quando reunidas, dão origem a um título único e extremamente viciante. Além do sistema de polaridade, o jogo também tem um quê de Metroid, já que seus mapas são dispostos de forma livre, e o jogador pode ir e vir, desde que tenha os poderes certos para prosseguir. Some isso a excelentes controles, independente da plataforma escolhida, e terá um título que entrega mais do que é cobrado em seu preço.

O game conta a história de um herói que tem a tarefa de restabelecer o equilíbrio entre ordem e caos. Para isso, ele terá que entender a importância entre luz e escuridão, e a influência de cada um destes extremos naquilo que chamamos de vida. E claro, lutar contra uma força maligna que só quer detonar com tudo.

A primeira parte do jogo funciona como uma espécie de tutorial. Com a ajuda de algumas dicas básicas, o jogador aprende pouco a pouco aquilo que o game tem a oferecer. Inicialmente são poucos os comandos disponíveis, como pular, esgueirar-se pelas paredes e desviar de obstáculos, mas com o tempo novas possibilidades vão surgindo. 

E é justamente esta forma com que o game evolui que chama mais atenção. A estrutura do jogo é muito bem feita, de forma que o jogador tenha liberdade o suficiente para explorar o cenário, ainda que reconhecendo suas limitações. E não é raro observar lugares que ainda não podem ser alcançados, mas que certamente estarão disponíveis após a aquisição de algum novo poder.

Isso acontecia bastante em Metroid. O jogador observada um caminho, mas não sabia exatamente como chegar lá. Após a aquisição de um determinado poder, ficava claro que alí era, de fato, um lugar em potencial para ser explorado. A sensação de conquista é imediata, além de instigar o jogador a explorar cada vez mais o cenário. E claro, alguns destes poderes podem ser usados não só durante a ronda das fases, mas também contra os adversários que nelas habitam. 

Logo no início o personagem ganha um poder que permite pular e arremessar seu próprio corpo com força em direção ao chão, criando uma mini onda de impacto que pode não só destruir partes do chão semi-destruídas, mas também atordoar adversários. O mesmo vale para a ''escorregadinha'', usada como forma de se esgueirar em estreitos caminhos, mas também como movimento de ataque ou esquiva dos ataques dos inimigos. Porém, nada disso se compara ao sistema de polaridade do jogo.



Como comentamos no início do game, Outland suga o principal elemento de jogabilidade presente em Ikaruga, game de tiro desenvolvido pela Treasure. Ele permite que o jogador alterne entre duas polaridades distintas, a luz e a escuridão, uma representada pela cor vermelha e outra pela cor azul, respectivamente. Se você conhece Ikaruga, então já tem uma exata noção de como o game funciona. 

Se não, aí vai uma breve explicação. Assim como o personagem, os adversários possuem polaridades únicas. Acontece que, quando o jogador escolhe uma polaridade semelhante ao seu adversário, ele se torna imune aos seus ataques. A parte ruim é que o inverso também ocorre, obrigando que a cor do personagem seja trocada durante os combates. E com isso, surgem algumas implicações.

No início isso não aparece com tanta frequência, mas há momentos no game onde a troca rápida e precisa de polaridade acaba se mostrando a chave para que o título possa avançar. Assim como um verdadeiro bullethell, existem locais onde o número de projéteis arremessados contra o personagem beira o absurdo. 

Para piorar, eles alternam em padrões e cores, exigindo assim a troca rápida de polaridade, quando conveniente. Para deixar o desafio ainda mais afiado, é preciso lembrar que sua polaridade tem de ser contrária a do adversário, para que este possa ser atingido pelos golpes do personagem. Esta troca constante de cores é que garante o desafio progressivo, e o que torna o game tão interessante.

A duração de Outland é outro ponto positivo para o jogo. Durante o game, o jogador é levado a seguir uma espécie de panapaná – que para quem não sabe, é o coletivo de borboletas, rá! - sabendo exatamente qual caminho seguir e quando seguir. Além disso, é possível abrir o mapa, ganhando assim uma localização precisa do seu próximo objetivo. O mesmo ocorre com Metroid, mas assim como o game da Nintendo, seguir de cara este caminho pré-definido é opcional. 

Os mais aventureiros certamente gastarão um tempinho explorando o que o cenário tem a oferecer, e cá entre nós, é altamente recomendável que isso seja realmente feito. Todas as vezes que um adversário morre, ele deixa para trás algumas moedas. Estas moedas são usadas na compra de melhorias para o personagem, como acréscimos na quantidade de vida disponível, representada por corações. Assim, quanto mais corações adquiridos, maiores são suas chances de sobrevivência.

Porém, são vários os mapas disponíveis no game. Para alternar entre eles, o personagem conta com uma espécie de teletransporte, ativado em pontos específicos do cenário. Assim, fica mais fácil alternar entre ambientes, o que acaba proporcionando uma exploração mais agradável e menos complicada. Ganham os desenvolvedores, que encontraram com isso uma maneira fácil de administrar os gigantescos cenários e o seu processamento durante a jogatina e ganha o jogador, que passa a contar com uma ferramenta simples, mas funcional, de se locomover livremente pelos vários locais passíveis de exploração. 

E se engana quem pensa que a longevidade do game se sustenta somente com este princípio. lém da campanha single player, os jogadores podem ainda usufruir puzzles específicos para partidas cooperativas. Em alguns pontos do mapa, é possível convidar um de seus amigos para participar do jogo. As possibilidades de interação com este modo são bem interessantes e garantem diversão extra por horas a fio. No fim, fica até difícil definir o tempo de duração médio do game, já que são muitas as possibilidades de exploração, além dos cenários específicos para a interação cooperativa.

E claro, nada mais agradável do que contar com um conteúdo de primeira linha embalado por belos gráficos. O visual de Outland é onírico, e impressiona pela simplicidade, não pelo excesso de elementos. Mantendo uma perfeita união entre elementos e cenário em 3D com uma jogabilidade 2D, o título mantém um padrão visual que instiga a curiosidade do jogador, que interpreta à sua própria maneira aquilo que está sendo mostrado. 

Nem mesmo a infinidade de projéteis com diferentes polaridades descaracteriza o game como um título de ação, apesar das claras referências a jogos de tiro, como o próprio Ikaruga. Todos os objetos e modelos em 3D são representados por silhuetas.Na verdade é possível observar alguma profundidade nestes modelos, mas não detalhes que permitam, por exemplo, observar com clareza a face dos personagens. Ainda assim, a forma com que este recurso é utilizado se encaixa com maestria a todo o resto do game, dando total foco ao sistema de polaridade de tiros. O som também cumpre muito bem seu papel. 

As composições sonoras apresentam algumas vezes uma mistura de ritmo tribal com elementos orquestrados, casando bem com a proposta e história do game. Some isso a efeitos sonoros que se encaixem bem à ação oferecida pelo game e vai perceber que o game como um todo é muito bem feito.No fim, Outland impressiona por conseguir mesclar dois tipos de jogabilidade tão diferentes em um título que é sim, muito bom de se jogar. 


A história é bem simples, mas ainda assim prende a atenção do jogador, o instigando a continuar até o fim. Mas o grande diferencial está na dificuldade do jogo. Ela é progressiva de uma maneira confortável, mas ainda assim exige grande habilidade e velocidade nos controles. Por fim, a perfeita adaptação do conceito de polaridade apresentado por Ikaruga em um título de plataforma, mostrando um pouco da criatividade dos desenvolvedores quanto ao game. Vale muito a pena dar uma conferida!





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