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quarta-feira, 16 de março de 2011

Noticia - Sony, Microsoft, Nintendo e 'a hora do Brasil' no mercado de games


Pela primeira vez em um evento brasileiro, as três grandes estiveram lado a lado. Sony, Microsoft e Nintendo participaram de um painel de abertura do Gameworld 2011 nesta sexta-feira (11), em São Paulo. 

Em um auditório cheio do Centro de Convenções Frei Caneca, eles falaram a jornalistas, estudantes, varejistas e outros profissionais da indústria de games do Brasil. Anderson Gracias, Guilherme Camargo e Bill Van Zyll (a partir da esquerda na foto acima), revelaram alguns números de suas empresas, discutiram estratégias de mercado e compartilharam um discurso comum de que “chegou a hora do Brasil”.

O clima geral foi de otimismo em relação ao crescimento brasileiro na América do Sul e apostas de que o país vai crescer com Copa do Mundo (2014), Olimpíadas (2016) e com as diversas iniciativas para a redução de impostos dos jogos eletrônicos no país. Novos projetos e anúncios oficiais, porém, ficaram de fora do debate, reservados para a E3 2011. 

Enquanto a Sony investe na localização de jogos e fala em trazer a PlayStation Network “antes do que você espera”, a Microsoft continua a lição de casa com a Xbox Live BR e a Nintendo se estrutura oficialmente no país para a chegada do Nintendo 3DS.

Anderson Gracias > Sony Brasil


Anderson Gracias, chefe da divisão de PlayStation da Sony Brasil, começou com uma espécie de pedido de desculpas. “A ausência da Sony foi uma questão nossa e não deles”, disse, isentando os organizadores do Gameworld de qualquer culpa pela falta de um estande da Sony no evento. Você podia, é claro, jogar Gran Turismo 5 e alguns jogos do PlayStation Move, mas eles estavam em áreas da NC Games e de outras empresas, e não em um estande exclusivo da Sony como no Brasil Game Show em 2010.

Gracias apresentou uma linha do tempo com os principais acontecimentos da marca PlayStation desde a chegada oficial ao Brasil, em 2009, destacando os lançamentos de jogos como God of War III, Gran Turismo 5 e Killzone 3. Ele reforçou alguns pontos que já havia citado em conversas anteriores: atraso nos lançamentos nacionais, preço dos jogos e preparação do mercado brasileiro.

“A questão de preço é sempre uma polêmica. Em outubro de 2009, quando lançamos jogos a R$ 199, estávamos subsidiando, olhando para a frente. Eu, como um gamer, também busco o melhor preço para vocês, para todos nós”, disse.

Anderson criticou a falta de conhecimento de alguns lojistas e, para exemplificar o que considera o “mau uso” dos produtos no ponto de venda, mostrou fotos do PlayStation 3 colocado ao lado de… toalhas de banho em certas lojas. “Tem bastante sinergia, a exposição está bastante adequada”, provocou, dizendo que o videogame e os jogos precisam estar juntos, próximos do consumidor. Gracias disse que é possível expor os produtos com segurança nas lojas sem comprometer a experiência de compra do usuário.

Segundo ele, os planos da Sony no Brasil para 2011 incluem, além das estratégias comerciais envolvendo acessórios e jogos, a luta por redução de IPI e a localização de InFamous 2 em português brasileiro.

Guilherme Camargo > Microsoft Brasil

  

A Microsoft lida com a tranquilidade de quem já lançou a Xbox Live no Brasil, mas ainda precisa encarar a cobrança dos usuários por um conteúdo mais amplo na rede do Xbox 360. Guilherme Camargo se mostrou ciente dessas questões e reconheceu que a empresa ainda está na “metade do caminho” dessa lição de casa.

“Não chegamos numa lição de casa bem feita ainda”, disse, prevendo que essa adequação do catálogo de jogos na Xbox Live BR vá demorar de 6 a 12 meses para atingir um nível satisfatório. Sobre a concorrência, foi otimista e reforçou o discurso de que “os inimigos são os piratas”: “Temos muitos adversários em comum. Em nenhum país do mundo, eu acho, temos um parceria tão grande com os concorrentes”. Segundo ele, os desafios principais da empresa no país continuam sendo a carga tributária, a pirataria e o contrabando.

A “carreira” do Xbox 360 no Brasil e as vendas do Kinect foram outros temas abordados por Guilherme. Desde 2006, foram 40 jogos lançados no Brasil, 6 totalmente em português, 13 acessórios e oito reduções de preço de produtos.

Já o Kinect, que esgotou em poucas horas no dia do lançamento no Brasil e despertou a ira dos jogadores, acabou tendo um certo lado positivo na visão da empresa. “Foi a primeira oportunidade de ver a real demanda do mercado brasileiro. Porque o Kinect esgotou nos EUA, o mercado paralelo ficou sem, e o que nós trouxemos acabou em pouquíssimas horas”, lembrou Guilherme, citando que o consumidor, então, só tinha a alternativa dos canais oficiais.

Para a Microsoft, 2011 será um ano histórico, e o Brasil tem muito a crescer nesse período que antecede Copa do Mundo e Olimpíadas. As novidades de Gears of War 3, porém, ficaram para a E3. No Gameworld era possível testar o multiplayer do jogo, mas nada além disso. Baterista nas horas vagas, Guilherme encerrou sua apresentação com um trecho da letra de Blueprint, da banda Fugazi: “Nevermind what’s been selling, is what you’re buying”, em uma referência a preços, valor de produto e escolhas do consumidor. 

 

Bill Van Zyll > Nintendo


Com o nome mais legal entre os palestrantes, Bill Van Zyll foi hábil ao guardar segredos sobre o Nintendo 3DS e escapar de algumas perguntas mais aterrorizantes dos jornalistas presentes ali.
 
Em sua apresentação no painel de abertura do Gameworld 2011, o responsável pela Nintendo na América Latina falou sobre perspectivas, planos e produtos. E, claro, compartilhou o otimismo dos concorrentes com o mercado brasileiro.

Bill ressaltou o bom desempenho do Brasil durante a recente crise econômica mundial, citou a famosa capa da The Economist com o Cristo Redentor decolando e disse que não há dúvidas de que o Brasil terá o mercado de games número 1 da América Latina. 


“Estamos reforçando nossa equipe no Brasil através de nossa distribuidora, trabalhando mais perto deles para nos aproximarmos também dos revendedores e fortalecer nossa presença no geral”, disse Bill.

Em 1º de abril, as operações da Big N ficarão um pouco mais concretas em nosso país. Seguindo os modelos testados no México, a Nintendo terá a distribuição de jogos e consoles por aqui através da Gaming do Brasil, subsidiária da Latamel, que está com a Nintendo há 10 anos na região. É por esse canal que chegará o Nintendo 3DS brasileiro – ainda sem preço e data de lançamento anunciados.

Além disso, também poderemos comprar jogos na lojinha virtual Nintendo eShop usando a moeda local. O conteúdo desse catálogo, porém, não será exatamente o mesmo da eShop norte-americana, já que entram em discussão as questões sobre direitos autorais. Bill disse que ainda é cedo para prever o quão grande será essa diferença.

Quando perguntamos qual havia sido a maior dificuldade em trazer o 3DS para o Brasil, o chefe da Nintendo para a América Latina não foi político. “Eu poderia fazer uma lista bem grande. Com certeza, a localização foi um dos fatores, foi um processo de aprendizado para nós. Toda a logística e a adequação às normas também foram um desafio. 

A boa notícia é que aprendemos com tudo isso, então na próxima vez será mais fácil”, explicou.

Questionado se a Nintendo não estaria “abandonando” o Wii nessa cruzada pelo portátil tridimensional, Bill disse que “não é bem assim”. 

“Nós não costumamos divulgar a data de lançamento de nossos jogos com muita antecedência”, explicou, lembrando que o destaque do ano é The Legend of Zelda: Skyward Sword, que surge no 25º aniversário da série. “Temos uma base de fãs gigantesca, especialmente no Brasil”, disse. Mas teremos eventos especiais e outros anúncios para comemorar os 25 anos de Zelda? 

“Os planos ainda estão em andamento, então… fique ligado”.

[Fotos: Renato Bueno/Kotaku Brasil]

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